18/09/2015 - Atualizado 22/09/2015 09h27min
A Universidade Feevale iniciou suas atividades há 46 anos, no prédio sede do Câmpus I. Em 2015, a construção completa 100 anos de inovação, cultura, educação e desenvolvimento em prol da sociedade

Cem anos de histórias e descobertas. Em 2015, o prédio sede do Câmpus I completa um século de aprendizagens e ensino, 46 dos quais a Universidade Feevale faz parte. Tudo começou em 1914 quando, após anos de luta, o padre Benedito Meienhofer coordenou uma subscrição para a construção de um colégio católico para meninos em Novo Hamburgo. Com a ajuda de personalidades do município, que auxiliaram no financiamento da construção do prédio, no fim daquele ano a estrutura estava pronta para entrar em funcionamento.
No ano seguinte, a nova instituição, batizada de Colégio São Jacó, foi entregue à ordem dos Irmãos Maristas, iniciando um marco na história da educação do município. O colégio cresceu na região e, em meados da década de 1950, teve seu ápice no quesito desenvolvimento, com a construção da fachada sul, aumentando ainda mais a sua infraestrutura para poder comportar a quantidade de matrículas solicitadas.
Na mesma década, porém, tragédias marcaram a história da Instituição: dois incêndios, provavelmente causados por curtos-circuitos nos dormitórios dos alunos internos. O primeiro, às 23h30min do dia 17 de fevereiro de 1954, e o segundo, às 15h do dia 10 de maio do mesmo ano, destruindo, no total, em torno de 75% da construção do Colégio. A ajuda da comunidade, nesses episódios, foi de extrema importância, pois os cidadãos colaboraram, gratuitamente, na retirada dos escombros e na organização de rifas para auxiliar na reconstrução do prédio.
O sonho de uma faculdade toma forma
A inauguração do novo edifício ocorreu nos dias 7 e 8 de setembro de 1957, porém, com a abertura de uma instituição de ensino marista na cidade, o Pio XII, o São Jacó precisou transferir seus estudantes para este colégio e fechou suas portas. Com um prédio reformado e não mais utilizado, um antigo sonho da comunidade voltou a tomar forma: o de implantar uma faculdade em Novo Hamburgo.
No dia 28 de junho de 1969, com o auxílio de Gastão Spohr, o prédio foi vendido para a Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo (Aspeur) e, no dia 24 de março de 1970, ocorreu a primeira aula da então Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo, hoje Universidade Feevale. A Instituição contava com 271 estudantes, nos cursos de Administração de Empresas, Ciências Contábeis, Belas Artes, Pedagogia e Relações Públicas.
No ano de 1989, se iniciaram as aulas na Escola de 2º Grau Feevale, com 117 alunos, divididos em duas habilidades de cursos técnicos: Contabilidade e Desenhista de Calçados e Acessórios. Em 1994, a Instituição passou a oferecer educação para todas as faixas etárias, a partir dos cinco anos de idade, possibilitando, assim, o contato direto da educação básica com o ambiente do Ensino Superior.

Prédio sede hoje
Atualmente, o Câmpus I conta com 747 alunos na Escola de Educação Básica Feevale – Escola de Aplicação e, por alocar os cursos de Artes Visuais, História, Letras, Pedagogia e Educação Física, além de receber, diariamente, estudantes de diversos outros cursos da Universidade Feevale, o prédio conta com, aproximadamente, 2.293 acadêmicos. A infraestrutura comporta, também, o Espaço Arte Um, destinado à divulgação das criações de artistas selecionados por meio de editais e acadêmicos da Feevale, e o Museu Nacional do Calçado, que conserva a memória da atividade coureiro-calçadista do país, reunindo um acervo de, aproximadamente, 40 mil peças.
Projetos de pesquisa e extensão
O prédio recebe práticas de projetos de pesquisa vinculadas, principalmente, às áreas de Humanas e Saúde, como é o caso do Laboratório de Estudos da Atividade Física, do Exercício e dos Esportes (Leafees), onde ocorrem avaliações da composição corporal e ergométricas. Além disso, projetos de extensão, ligados diretamente à comunidade, complementam a formação acadêmica em atividades que agregam conhecimentos às teorias aprendidas em sala de aula. No Câmpus I são desenvolvidos os projetos de extensão Movimento Coral Feevale, Movimento Teatral Feevale, Pinacoteca da Feevale e Reabilitação Pulmonar.

Selo comemorativo de 100 anos
Até o final deste ano, todas as atividades referentes ao Câmpus I levarão o selo comemorativo em homenagem aos 100 anos do prédio sede. As cores do selo, com efeito de tinta aquarela, lembram uma das principais características da construção, a cor rosa. A perspectiva representada traz a grandeza e a força do centenário, além da continuidade e avanço, remetendo à sua importância histórica e ao futuro.

“Há cem anos estabeleceu-se, no local que chamamos hoje de Câmpus I, uma instituição dedicada à educação. Desde aquele momento até o presente, esse tem sido um espaço prioritário e privilegiado para a formação dos sujeitos e de excelência em atividades culturais disponíveis aos estudantes e à comunidade da região. Nesse espaço, de reconhecida relevância para a sociedade, temos a integração de todos os níveis de ensino, abrigando alunos desde a educação infantil até a pós-graduação. Em síntese, podemos dizer que o Câmpus I constitui-se em um lugar de histórias e memórias, onde a educação, a cultura e a (con)vivência existe há 100 anos.”
Inajara Vargas Ramos, reitora da Universidade Feevale

“O prédio onde está instalado o Câmpus I e a Escola de Aplicação da Feevale tem uma importância fundamental tanto para a cidade de Novo Hamburgo quanto para a própria Instituição. Foi o berço da formação de pessoas em Novo Hamburgo, um ícone na história da educação da cidade. Ele completa seu ciclo na medida em que, hoje, além de sediar a Escola de Aplicação, é também sede do Câmpus I da Universidade Feevale, promovendo a formação superior no município.”
Heinz Drews, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo (Aspeur)

“Hoje, não é possível imaginar Novo Hamburgo sem a universidade, que se constituiu como resultado da soma de tantos esforços ao longo da nossa história. Se foi uma proposta ousada no seu nascedouro, dificilmente, naqueles tempos, se teria uma visão da importância decisiva desta instituição para a vida da cidade. E exatamente nestes tempos contemporâneos, em que se redescobre a importância do patrimônio histórico para a qualidade de vida, para a identidade de um povo e para seu próprio desenvolvimento, novamente a Feevale nos surge com um exemplo a ser seguido, preservando e valorizando um prédio de importância fundamental.”
Carlos Mosmann, secretário de Cultura de Novo Hamburgo

“O prédio onde está situada a Escola de Educação Básica – Escola de Aplicação faz parte da memória coletiva do bairro Hamburgo Velho. Neste prédio centenário, toda a comunidade escolar tem a oportunidade e o privilégio de sentir e estudar in loco um pouco da história de Novo Hamburgo, seja pela arquitetura, seja pala atmosfera, que são ímpares: é o urbano de ontem e de hoje coexistindo. E quem ganha com isso? Todos nós.”
Lovani Volmer, diretora pedagógica da Escola de Aplicação

“Estudo há mais de cinco anos na Escola de Aplicação e, desde o começo, percebi que tinha feito a escolha certa, pois a profissionalização é um dos principais objetivos da Feevale, nos dando acesso à própria Universidade, com diversas visitas e projetos relacionados à graduação e à pesquisa. Por este e outros motivos escolhi a Feevale, provavelmente a escola com mais inovação e dedicação aos alunos na região do Vale do Sinos.”
Arthur Decker, estudante da última etapa do Ensino Médio da Escola de Aplicação e participante do Programa de Iniciação Científica Feevale (PICF)

“Apesar de o prédio ter toda sua história ligada à educação, não é isso que o torna um patrimônio cultural ou histórico, mas sim, sua trajetória, que é intimamente ligada à comunidade, construído e reconstruído pela mesma. E, quando ele seria desativado, a Aspeur, que também é dirigida por empresários da cidade, adquiriu e instalou a Feevale. O que faz ter essa importância são as memórias deste prédio, que não são apenas das instituições que habitaram seu interior, mas, acima de tudo, daqueles que dão vida aos seus corredores, emprestando calor ao mármore frio.”
Maicon José Alves, acadêmico do curso de História e bolsista voluntário do projeto Memória em Movimento