20/02/2014 - Atualizado 16h49min
Pesquisa estuda vegetais que se desenvolvem nas margens do Sinos e reforça a necessidade de cuidar do local onde ele nasce
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Nascente do Rio dos Sinos, em Caraá
As plantas podem ser objeto de estudo para avaliar os níveis de poluição, sendo importantes indicadores de qualidade ambiental. Dentro do programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale, diversas pesquisas têm sido feitas com o intuito de analisar o Rio dos Sinos e o seu entorno, as quais podem, entre outros resultados, determinar ações de preservação.
Uma tese de doutorado – Composição florística e estrutural de epífitos em mata ciliar: uma análise em micro e mesoescala na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, RS, Brasil – desenvolvida pela bolsista Ledyane Dalgallo Rocha e em andamento desde 2011, busca diagnosticar a qualidade ambiental ao longo da Bacia do Rio dos Sinos. O trabalho integra o projeto Estudo do epifitismo e monitoramento da fenologia de plantas vasculares como contribuição para a avaliação da qualidade ambiental e conservação da diversidade vegetal, na Bacia do Rio dos Sinos (RS), que é liderado pelo professor Jairo Lizandro Schmitt desde 2009. Dentro do projeto de Ledyane, o diagnóstico é feito por meio da análise dos epífitos* presentes em três fragmentos de mata ciliar, que é o nome dado à vegetação que ocorre nas margens dos rios.
Nos três fragmentos de mata ciliar do Rio dos Sinos, foram registradas 87 espécies de epífitos vasculares. Foi observado um número expressivo de espécies de orquídeas apenas na nascente, em Caraá, local que também apresentou uma grande heterogeneidade florística. Das espécies ameaçadas de extinção, tanto estadual quanto nacionalmente, a maioria foi encontrada na nascente do Rio dos Sinos, o que reforça a necessidade de preservação nesse local. “Em relação aos fragmentos de Taquara e Campo Bom, a mata ciliar de Caraá apresentou estrutura comunitária mais complexa, grau superior de conservação e melhor qualidade ambiental”, afirma Ledyane.
Os resultados serão agrupados aos trabalhos que estão em andamento no Laboratório de Botânica e em outros laboratórios da Feevale, para compor uma análise em macroescala da Bacia do Rio dos Sinos. A tese de Ledyane será defendida em 2015. De acordo com a pesquisadora, a importância do estudo reside justamente no fato de que, a partir do levantamento, são determinadas quais espécies estão ameaçadas e, a partir disso, é priorizada a proteção.
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"Um ambiente apropriado para as plantas também melhora a qualidade da água. O levantamento das espécies também poderá subsidiar futuras pesquisas com as plantas presentes nesses ambientes, como por exemplo, estudos fenológicos, que compreendem o acompanhamento do ciclo de desenvolvimento dos vegetais."
Ledyane Dalgallo Rocha (foto), bolsista do doutorado em Qualidade Ambiental
Saiba mais
Epífitos são plantas que se desenvolvem sobre outras espécies vegetais (forófitos), normalmente árvores, utilizando-as apenas como suporte. A biodiversidade de epífitos é um indicador da qualidade ambiental, sendo uma importante ferramenta para o diagnóstico dos remanescentes florestais.
O estudo do epifitismo vem sendo amplamente explorado nas pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Botânica da Feevale, por meio de trabalhos associados ao projeto liderado pelo professor Schmitt. Localizado no subsolo do prédio Branco, no Câmpus II, no Laboratório de Botânica são realizadas as triagens e as preparações de materiais botânicos coletados em atividades de campo, bem como observações de materiais da coleção didática do curso. Neste espaço, também são realizadas aulas práticas, atividades vinculadas aos projetos de Educação Ambiental e ao programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental.
Alguns números da pesquisa
87 espécies de epífitos nos três fragmentos de mata ciliar
Destes:
37% samambaias e licófitas
27% orquídeas
17% bromélias
8% cactus
10% pertencentes a outras famílias botânicas
75 espécies em Caraá
21 espécies em Taquara
20 espécies em Campo Bom
16% das espécies inventariadas estão ameaçadas de extinção