Realizado rotineiramente nos EUA e na Europa em vítimas fatais de incêndios, teste é incomum no Brasil
06/02/2013 - Atualizado 27/02/2013 18h46min
Uma metodologia desenvolvida inicialmente no Instituto de Medicina Forense de Berlim, na Alemanha, e hoje colocada em prática no Laboratório de Análises Toxicológicas da Universidade Feevale, deverá contribuir para que o antídoto à intoxicação aguda por cianeto seja disponibilizado, futuramente, às equipes de resgate e atendimento a vítimas de incêndios. É na Instituição que estão sendo feitas as análises das amostras de sangue dos pacientes expostos ao ácido cianídrico durante o incêndio ocorrido em Santa Maria, no dia 27 de janeiro.
Segundo o coordenador do laboratório, professor Rafael Linden, doutor em Biologia Celular e Molecular, até o momento foram concluídas cerca de 50 análises. Ele explica que, para a determinação de cianeto no sangue, é realizado um processo chamado de destilação isotérmica, seguida de quantificação do cianeto através de um eletrodo íon seletivo.
Rafael Linden diz que esse é um teste incomum, por isso desconhece que outro laboratório no Brasil o faça. “Normalmente é realizado no contexto da toxicologia forense, para avaliar casos fatais. Institutos de medicina forense da Europa e dos Estados Unidos realizam rotineiramente este teste em vítimas fatais de incêndios”, esclarece.
O professor afirma que, como as análises foram realizadas tardiamente, com coletas cerca de 80 horas após a exposição, os níveis de cianeto encontrados não foram marcantemente elevados. “Entretanto, considerando que as concentrações foram acima daquelas encontradas em condições fisiológicas, as análises demonstraram que os pacientes foram expostos ao ácido cianídrico durante o incêndio, o que se mostrou compatível com o quadro clínico apresentado”, destaca.
Baldisserotto diz que é muito provável que a análise das amostras realizada no Laboratório sirva como justificativa para que o antídoto à intoxicação aguda por cianeto, a hidroxicobalamina em alta concentração, seja padronizado e disponibilizado, futuramente, às equipes de resgate e a atendimento a vítimas de incêndios. “Quem sabe quantas vidas poderão ser poupadas no futuro em função disto? Esperamos que muitas! A contribuição da Feevale, que demonstrou que os níveis de cianeto se encontravam muito elevados, mesmo 80 horas depois do evento inicial, tem influenciado de forma marcante no manejo das manifestações neurológicas tardias de intoxicação por cianeto que observamos em alguns pacientes”, afirma.
O médico, que também é professor adjunto de Clínica Médica na UFSM, plantonista da UTI adulto do Hospital Universitário de Santa Maria e membro do corpo clínico do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, enviou um agradecimento especial à Feevale por disponibilizar voluntariamente a dosagem de cianeto aos sobreviventes do incêndio. “Agradeço em nome dos hospitais de Santa Maria e também das vítimas e seus familiares pela contribuição da Feevale ao atendimento deste trágico evento”, afirma.
O medicamento utilizado para combater os efeitos causados pelo gás cianeto é a hidroxicobalamina, derivado da vitamina B12, que se liga ao cianeto formando cianocobalamina, a qual possui baixa toxicidade. O princípio do tratamento é retirar o cianeto da circulação. Entre os efeitos incluem-se falência cardiorrespiratória, coma, acidose metabólica severa, convulsões e depressão do sistema nervoso central.
Segundo o coordenador do laboratório, professor Rafael Linden, doutor em Biologia Celular e Molecular, até o momento foram concluídas cerca de 50 análises. Ele explica que, para a determinação de cianeto no sangue, é realizado um processo chamado de destilação isotérmica, seguida de quantificação do cianeto através de um eletrodo íon seletivo.
Rafael Linden diz que esse é um teste incomum, por isso desconhece que outro laboratório no Brasil o faça. “Normalmente é realizado no contexto da toxicologia forense, para avaliar casos fatais. Institutos de medicina forense da Europa e dos Estados Unidos realizam rotineiramente este teste em vítimas fatais de incêndios”, esclarece.
O professor afirma que, como as análises foram realizadas tardiamente, com coletas cerca de 80 horas após a exposição, os níveis de cianeto encontrados não foram marcantemente elevados. “Entretanto, considerando que as concentrações foram acima daquelas encontradas em condições fisiológicas, as análises demonstraram que os pacientes foram expostos ao ácido cianídrico durante o incêndio, o que se mostrou compatível com o quadro clínico apresentado”, destaca.
Médico de Santa Maria diz que vidas poderão ser poupadas futuramente
Para o médico intensivista e pneumologista Sérgio Baldisserotto, diretor clínico e coordenador técnico da UTI do Hospital São Francisco de Assis, de Santa Maria, os dados fornecidos pelo Laboratório de Análises Toxicológicas da Universidade Feevale têm sido decisivos tanto para o manejo terapêutico dos pacientes mais graves internados nas UTIs, como para a obtenção do antídoto administrado aos pacientes e para uma explicação científica para o elevado número de óbitos ocorridos.Baldisserotto diz que é muito provável que a análise das amostras realizada no Laboratório sirva como justificativa para que o antídoto à intoxicação aguda por cianeto, a hidroxicobalamina em alta concentração, seja padronizado e disponibilizado, futuramente, às equipes de resgate e a atendimento a vítimas de incêndios. “Quem sabe quantas vidas poderão ser poupadas no futuro em função disto? Esperamos que muitas! A contribuição da Feevale, que demonstrou que os níveis de cianeto se encontravam muito elevados, mesmo 80 horas depois do evento inicial, tem influenciado de forma marcante no manejo das manifestações neurológicas tardias de intoxicação por cianeto que observamos em alguns pacientes”, afirma.
O médico, que também é professor adjunto de Clínica Médica na UFSM, plantonista da UTI adulto do Hospital Universitário de Santa Maria e membro do corpo clínico do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, enviou um agradecimento especial à Feevale por disponibilizar voluntariamente a dosagem de cianeto aos sobreviventes do incêndio. “Agradeço em nome dos hospitais de Santa Maria e também das vítimas e seus familiares pela contribuição da Feevale ao atendimento deste trágico evento”, afirma.
Saiba mais:
O professor Rafael Linden explica que o cianeto, na forma de ácido cianídrico, é formado na queima de diversos materiais sintéticos. Ele é rapidamente absorvido pela via respiratória e impede a respiração celular através da inibição de mecanismos bioquímicos fundamentais para a sobrevivência das células.O medicamento utilizado para combater os efeitos causados pelo gás cianeto é a hidroxicobalamina, derivado da vitamina B12, que se liga ao cianeto formando cianocobalamina, a qual possui baixa toxicidade. O princípio do tratamento é retirar o cianeto da circulação. Entre os efeitos incluem-se falência cardiorrespiratória, coma, acidose metabólica severa, convulsões e depressão do sistema nervoso central.