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Feevale foi a universidade responsável por pesquisa da Associated Press

Estudo da agência de notícias indicou altos índices de vírus e bactérias na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro

A Universidade Feevale foi responsável pelos testes que apontaram níveis altos de vírus e bactérias de esgoto humano nas águas da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, local das competições aquáticas dos Jogos Olímpicos 2016. O professor Fernando Spilki, virologista e coordenador do programa em Qualidade Ambiental da Instituição, realizou os testes de qualidade da água por encomenda da Associated Press - AP. Os testes de Spilki pesquisaram três tipos diferentes de adenovírus humano que são “marcadores” típicos dos esgotos humanos no Brasil. Ele fez testes também para enterovírus, a causa mais comum de infecções do trato respiratório superior em jovens. Pesquisou, ainda, sinais de rotavírus, a principal causa mundial de gastroenterite.
 
Os testes até agora mostram que as águas do Rio “estão cronicamente contaminadas”, diz o Spilki. “A quantidade de matéria fecal que entra nos corpos de água no Brasil é extremamente alta. Infelizmente, temos níveis comparáveis a algumas nações africanas, à Índia. A preocupação não é apenas com o que foi testado", disse John Griffith, biólogo marinho do instituto independente Southern California Coastal Water Research Project, que examinou os protocolos, metodologia e resultados dos testes da AP. “É muito provável que haja organismos ainda piores que não foram pesquisados e que estejam ali escondidos”, afirmou.
 
Mundialmente, o rotavírus é responsável por cerca de 2 milhões de hospitalizações e mais de 450.000 mortes de crianças a cada ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Os testes encomendados pela AP encontraram o rotavírus em três ocasiões separadas nos locais de provas olímpicas: duas vezes na lagoa e uma vez na praia ao lado da Marina da Glória, de onde os velejadores sairão com seus barcos. A AP também mediu a concentração de coliformes fecais, bactérias unicelulares que vivem no intestino de humanos e animais. Coliformes fecais podem sugerir a presença de cólera, disenteria, hepatite A e febre tifoide.
 
Em 75% das amostras colhidas na lagoa olímpica, o número de coliformes fecais excedeu o limite legal brasileiro para “contato secundário”, como navegação ou remo, tendo ficado, em duas amostras, mais de 10 vezes acima do nível aceitável. A Marina da Glória excedeu o limite apenas uma vez, enquanto na praia mais frequentada pelos turistas no Rio, Ipanema, a concentração de coliformes fecais ficou três vezes acima do nível aceitável em uma única amostra. Em Copacabana, os testes da AP não encontraram nenhum excesso de concentração de coliformes fecais.
 
Os coliformes fecais são usados há muito tempo pela maioria dos governos como um marcador para determinar se corpos de água estão poluídos, por serem relativamente fáceis e baratos de testar e encontrar. O Brasil mede somente os níveis bacterianos para determinar a qualidade da água.
 
No Rio, os níveis de coliformes fecais não foram tão astronômicos quanto os níveis virais que a AP encontrou. Essa discrepância está no centro de um debate global entre especialistas em água, muitos dos quais estão pressionando os governos a adotar testes virais, além dos bacterianos, para determinar a segurança da água para atividades de recreação.
 
O motivo é que os coliformes fecais do esgoto só conseguem sobreviver um período curto na água, especialmente nas condições de sal e sol do Rio de Janeiro. Os adenovírus humanos, por sua vez, podem sobreviver vários meses, ou talvez até anos, segundo alguns estudos. Isso significa que, mesmo que o Rio coletasse e tratasse magicamente todo o seu esgoto amanhã, as águas ainda permaneceriam poluídas por um bom tempo.
 
Saiba mais sobre os testes
A AP encomendou quatro rodadas de testes em cada um dos três locais de competições olímpicas, e também na água que alcança a areia da praia de Ipanema, que é muito frequentada por turistas, mas onde não será realizado nenhum evento. Trinta e sete amostras foram testadas para três tipos de adenovírus humano, além de rotavírus, enterovírus e coliformes fecais. Os testes virais da AP, que continuarão em 2016, indicaram que nenhum dos locais é seguro para nadar ou velejar, segundo os especialistas em qualidade da água que tiveram acesso aos dados da AP.
 
Os resultados dos testes indicaram altas contagens de adenovírus humanos ativos e infecciosos em algumas amostras, que se replicam no trato intestinal ou respiratório de pessoas. Esses são vírus conhecidos por causar doenças estomacais, respiratórias e outras, incluindo diarreia aguda e vômitos, além de doenças cerebrais e cardíacas, que são mais graves, porém mais raras. As concentrações dos vírus foram aproximadamente as mesmas que são encontradas no esgoto puro, mesmo em uma das áreas menos poluídas testadas, a praia de Copacabana, onde serão realizadas as provas de natação do triatlo e maratona aquática e onde muitos dos 350.000 turistas estrangeiros esperados podem dar seus mergulhos.
 
Fonte: Associated Press e O Estado de São Paulo

30/07/2015 - Atualizado 17h11min
 
 

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